quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Lúcifer, fire from Heaven

Esse texto rolou na lista Dionísio e acho mt bacana dividir com outros praticantes da BI... para dar uma luz sobre essa coisa toda de Lúcifer, demonização e afins...

Salve, Eósforos! Nos traga luz e inspiração!

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Por Marcos Torrigo
Revista Sexto Sentido
Ano 5 - Número 54


Por milênios, uma figura tem suscitado diferentes emoções no imaginário ocidental, em especial nos domínios da cristandade.

Esta figura é Lúcifer, o arqui-demônio, Senhor das hostes infernais, tentador e inimigo mor da humanidade, o mais belo Anjo, precipitado no abismo por sua soberba. O fogo divino, o brilho do Sol, o Logos transubstanciado no fogo infernal, o fogo que redime transformado no fogo da danação eterna.

Mas o quanto disso é real, ainda mais quando estamos abordando o terreno movediço do mito, da religião e, por conseguinte, da demonologia. O nome Lúcifer é composto pelo prefixo indo-europeu Leuk, que determina um ser luminoso, claro e puro, origem da palavra lux e, consequentemente, de luz e lucidez. O sufixo latino fero, por sua vez, significa trazer, portar.
Lúcifer (Eósforos, Fósforos) dos romanos, filho de Zeus e de Aurora, era o deus que anunciava um novo dia. É conhecido como o portador do Archote, da Luz, o que anuncia a vinda do Sol , a estrela-d'alva. Na astronomia, é o planeta Vênus que se torna visível nos crepúsculos. No nascer, é conhecido como a estrela d'alva e, no poente, como Vésper. Vênus é a deusa do amor em todas as suas formas, aparentada com as mesopotâmicas Ishtar e Inanna.

Lúcifer nunca foi tido por maléfico, muito menos associado com as potências infernais, tanto é assim que havia um bispo em Cagliari chamado Lúcifer, que viveu por volta do ano 300 E.V.* fundador do Luciferianismo. A atribuição de Lúcifer como Demônio e Anjo caído veio depois, e foi criada pelos "pais da Igreja". A Igreja adaptou a sua maneira passagens do Antigo Testamento para serem atribuídas à Queda de Lúcifer. Eles "interpretavam" (hermenêutica) as escrituras do Antigo Testamento pelas do Novo Testamento.

Desta forma, passagens do Novo Testamento, como: "Mas ele lhes disse: Eu vi Satanás caindo do céu como um relâmpago" (Lc 10: 18), influenciaram o Antigo Testamento: "Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Tu que destruía as nações! Tu dizias em seu coração: Subirei ao céu, acima do firmamento das estrelas de Deus, exaltarei meu trono, e no monte da congregação me sentarei nos limites do norte. Subirei acima das nuvens mais altas, e serei igual ao Altíssimo. Em verdade fosse precipitado para o reino dos mortos, no abismo mais profundo.
(Isaías 14: 12 a 15).

Essas passagens de Isaías eram destinadas ao célebre rei babilónico Nabucodonosor, que havia destruído Jerusalém. Helel bem Shahar é a designação hebraica referindo-se, de forma alegórica, à "Queda da Estrela Dalva" .

Há outras passagens interessantes, como uma endereçada ao rei de Tiro. Por mais que ela tenha alvo definido (o rei), ela evoca talvez uma lenda anterior, unindo o destino do monarca ao de um Querubim expulso das hostes celestes. Tu eras Querubim da guarda ungido, te estabeleci, ficaste no monte santo de Deus, entre as pedras brilhantes caminhava. Tu eras perfeito em teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se encontrou iniqüidade em ti. Multiplicando vosso comércio encheu seu âmago de violência, e pecaste; por causa disso te deitarei profanado fora da montanha de Deus, te farei perecer, ó Querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras. Elevaste teu coração por causa da tua beleza, conspurcaste vossa sabedoria por causa de teu resplendor. (Ez 28:14-17)

Mas qual teria sido o motivo da Patrística ter escolhido Lúcifer, e não qualquer outro? Existem alguns pontos Mágickos e Ocultos que devem ser abordados. Especialmente a relação entre Vênus e Lúcifer, e conseqüentemente com o demoníaco. Há um fato peculiar, a criação dos demônios, (Qliphoth, conchas, força desequilibrada) , de acordo com o Judaísmo, deu-se na sexta-feira da criação (os sete dias em que, de acordo com a Torah, Deus criou o mundo), momentos antes do sagrado Shabat. Neste mesmo dia, foi criada a raça humana, e se deu a sua Queda . Ou seja, na mesma sexta-feira, Adão foi criado e cedeu a concupiscência. No calendário judaico, Adão pecou no primeiro dia de Tishrei (Rosh Hashaná, primeiro e segundo dia de Tishrei), e é justamente neste dia, todos os anos, que os homens são julgados por seus atos.
O mês de Tishrei corresponde à tribo de Dan, esta por sua vez ao signo de Libra, que é regido por Vênus. Sem falar que, tradicionalmente, a sexta-feira é o dia consagrado à Vênus (dia de Vênus, Hemera Aphrodites grego, Vendredi, francês e Venerdi em italiano).

Dando asas à imaginação, notaremos que o pecado original estava envolto em correlações venusianas. A maçã é dada ao homem por sua companheira, o resultado da Queda é a descoberta da sexualidade, a sedução da serpente, dentre outros.

Outro elemento de ligação entre Vênus e o demoníaco é a Queda dos Anjos. Eles caíram justamente por acharem belas as mulheres humanas e serem atraídos por elas. Os Anjos as possuíram e desta união nasceu uma raça de gigantes, fortes e poderosos, os Nephilins (ver Gênesis 6:1 a 4). A palavra deriva de Naphal, descer, sendo que podemos entender Nephilins como os que desceram ou caíram. Na Bíblia, são citados os Filhos de Deus (os Anjos), em hebraico Beni Elohim (possivelmente a melhor tradução fosse filhos dos deuses).
Os Beni Elohins são correspondentes a Sephira Hod (que tem como planeta Mercúrio, o tradicional mensageiro dos deuses) na Cabala, o complemento de Netzach, que é Vênus e os próprios Elohins.

Inferimos que os caídos são Arcanjos, que são a Hoste de Hod, e não só por isso, pois no Livro de Enoch** é mencionado que Miguel, Uriel, Rafael e Gabriel (Arcanjos) observaram do céu os efeitos dos caídos. O Livro de Enoch é um apócrifo e uma pseudoepigrafia, e narra, dentre outras coisas, a Queda dos Anjos chefiados por Semjâzâ (um proto-Lúcifer? ). Os Anjos Caídos ensinaram inúmeras artes a humanidade, Azazel como trabalhar os metais, e Semjâzâ, a Magia. Os outros ensinaram astrologia, astronomia e signos. Azazel continuou seu magistério ensinando aos humanos os segredos sagrados que estavam guardados no Paraíso.

O titã Cronos castra seu pai Urano e joga seus genitais no mar. Do sangue misturado a espuma do mar nasce Afrodite (Vênus). Logo em seguida ela foi saudada pelas criaturas do mar, nereidas, tritões. A deusa surge de dentro de uma concha. Teve como irmãs as infernais Erínias (Fúrias), criadas pelas gotas do sangue de Urano caídas na terra. As Erínias eram seres que até Zeus respeitava os desígnios. São representadas como mulheres aladas, porém serpentes.
Retomando a Igreja, notaremos que estes pontos expostos podem ter motivado a "escolha" de Lúcifer.

Que os cristãos sabiam das implicações de Vênus, é evidente pelo título conferido a Lúcifer, príncipe da luxúria espiritual. Cada Sephiroth da Árvore da Vida cabalística tem um "vício" e o de Netzach (Vênus), por sua vez, é a Luxúria. De acordo com o Concílio de Latrão, os poderes do demônio são iguais aos dos outros anjos, possivelmente devido a sua origem comum. Igualmente para a Igreja, diabos e demônios são a mesma coisa. O conceito de Mal se modificou com o passar do tempo. Notamos que no mundo antigo o que prevalecia era o monismo.

Deus ou os deuses eram responsáveis tanto pelo bem como pelo mal, sendo a fonte de tudo. O Universo era percebido como uno e não dividido entre um deus do bem e um deus do mal, ou entre Deus e o diabo. Podemos tomar por base o próprio Iavé do Antigo Testamento, que em suas próprias palavras dizia: "Eu sou o Senhor e não há outro, alem de mim não existe Deus"; "Eu sou o Senhor e não há outro, Eu formo a luz e crio as trevas, Eu faço o bem e crio o mal, Eu, o Senhor, faço todas estas coisas" (Isaías 45:5-7).Quando eu afiar a minha espada reluzente, e tomar em mãos o juízo, tomarei vingança contra meus inimigos e darei o merecido castigo aos que me odeiam. Encharcarei as minhas setas de sangue, e minha espada se fartará de carne, do sangue dos mortos e dos cativos, das cabeças dos chefes inimigos. (Dt 32: 41,42).
Suas crianças serão esmagadas em frente a eles, suas casas saqueadas, e suas mulheres estupradas. (Isaías 13:16)

Em um dia em que os filhos de Deus apresentaram- se diante do Senhor, Satanás veio com eles.
O Senhor perguntou a Satanás: "Por onde andastes?". Satanás respondeu: "De passear pela terra". O Senhor continuou: "Viste meu servo Jó? Não há na terra ninguém semelhante a ele, integro, correto e temente a Deus, e não trilha o caminho do Mal". Então Satanás falou: "Por que Jó teme a Deus? Por acaso não o protegeu de todas as formas, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e multiplicaram seus bens na Terra. Estende tua mão e toca-lhe em tudo que é dele, e verás que blasfemará contra Ti". Disse o Senhor a Satanás: "Tudo que é dele está em seu poder, mas contra ele não faça nada, e Satanás sai para cumprir a sua missão. (Jó 1: 6-12). Reforcei os aspectos "negativos" de Jeová demonstrando o lado sombrio do Deus de judeus, cristãos e muçulmano.

O monismo tem uma vantagem óbvia, não há o mal absoluto. Desta forma, tanto os princípios que compõem o Cosmos quanto os que compõem o indivíduo podem ser harmonizados e integrados, sem maiores prejuízos. Justamente o contrário do que aconteceu no seio do Cristianismo, por exemplo, com inquisições, "guerras santas" e outros. O mal é vivenciado no outro, e assim, pode ser erradicado (assim como outro pode ser morto). A primeira religião a quebrar a harmonia do monismo foi o Zoroastrismo, criado no Irã por volta de 600 a.C . Nele há início o dualismo; o Universo está fragmentado em duas partes, uma "boa" e outra "má", um deus da luz e um deus das sombras. Este pensamento influenciou os judeus e os gregos e, conseqüentemente, os cristãos.

No Cristianismo, o mal é atribuído e projetado ao Diabo, enquanto Deus só faz coisas boas.
Assim, o diabo ganha autonomia e poder perante Deus, remetendo-nos novamente a uma forma de pensar que lembra o dualismo iraniano.

Por mais que o diabo seja inferior a Deus, ele pode corromper a criação e torna-se o senhor do mundo. Partindo do pressuposto de que a matéria é essencialmente má, assim como as "necessidades da carne", o campo de batalha é a alma humana, afinal de contas, a corrupção principia mesmo no Antigo Testamento, com o ato de insubordinação de comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, o que poderia, de acordo com as palavras da serpente confirmadas por Deus, transformá-los em deuses. (Genesis 3: 22) Então disse o Senhor Deus: "Eis que o homem se tornou igual a um de nos, conhecedor do bem e do mal; assim sendo, para evitar que tome da Árvore da Vida e coma o seu fruto e viva eternamente" . O Senhor Deus o lançou fora do Jardim do Éden...

Deus é onisciente, onipresente e onipotente, desta forma, o diabo age por que Deus permite. Se Deus fosse humano, poderia-se acusá-lo legalmente de cumplicidade em todos os "delitos" do maléfico. A desculpa descoberta pelos cristãos é a seguinte: Deus criou o diabo, mas ele, em origem, não era Mal, o diabo escolheu ser mal. Isso tecnicamente isentaria Deus do problema de ter criado o Mal ao criar o diabo. Só que esta história tem problemas óbvios, se Deus é onisciente, ele saberia o que estava por vir e mesmo assim não fez nada. Tratando o assunto de uma forma mais leve, é de se imaginar que um filho traga a genética do Pai, então, mesmo o diabo tendo se tornado " Mal" depois, este predicado já estaria em latência nele. Dionísio, um monge sírio do século VI, foi o primeiro a detalhar as hierarquias dos Anjos. São divididos em três tríades, sendo elas (em grau de grandeza) Serafins, Querubins e Tronos, a intermediária Dominações, Virtudes e Potestades e a última composta de Principados, Arcanjos e Anjos.

Desta forma, nos séculos subseqüentes, quando Lúcifer foi precipitado dos céus, ele, sendo o mais importante entre os Anjos, naturalmente foi associado aos Serafins (há referências a Lúcifer também como um Querubim). Miguel Psellos (século XI), de Constantinopla, criou uma "hierarquia demoníaca", de influência neoplatônica; a distribuição das hostes dos caídos se espelha no Paganismo (DAIMONS). Então, teremos os demônios sendo distribuídos pelos elementos (inclusive o Éter). Encontraremos ecos do mito de Lúcifer em Iblis, o diabo muçulmano. Iblis recusou a se curvar perante o homem e isto acarretou a sua Queda. Tudo leva a crer que Iblis fosse um Anjo, já que sua história está ligada à ordem dada por Allah para que os Anjos se curvassem perante Adão (ou se preferirmos a raça humana). Todavia, há citações do Alcorão que o nomenclaturam de Djinn, um ser aparentado aos Daimons gregos, ou seja, tanto bom como mau.

Os Djinn foram criados do fogo enquanto os Anjos, da luz. Curiosamente, as palavras fogo e luz são em etimologia aparentadas — Nur, luz e Nar, fogo. O problema do mal no Islã é até mais veemente que no Cristianismo devido ao seu monoteísmo total, desta forma, Allah é a fonte do mal. Há todo um debate semântico do porquê da existência do mal e por corolário do diabo, Iblis, não se chegando a um bom termo da questão.

Outra questão veemente é que no Islã somente Allah é passível de adoração, então, ao negar a curvar-se perante o homem, Iblis foi o único que agiu corretamente? Transformar deuses e deusas em demônios foi prática corrente do Cristianismo. Com um único golpe, eles reforçavam a sua fé e destruíam os ícones do Paganismo. Por outro lado, a própria Igreja contribuía para "gerar" as manifestações do demônio. Afinal de contas, os sete pecados capitais são os maiores criadores de diabolismo. Buda, séculos antes, compreendeu que se a corda estiver muito esticada arrebenta, se estiver frouxa não toca: o famoso caminho do meio.
Justamente as privações criavam sonhos luxuriosos e recheados de glutonaria, sem esquecer, é claro, o fenômeno da histeria.

A imagem do diabo clássico foi tomada de empréstimo de deuses como Pã e Cernnunos. E não só isso, o culto aos antigos deuses foi tido pela Igreja como, em verdade, um culto diabólico. Os deuses eram para a Igreja demônios a serviço do senhor das trevas.
A medida que ocorria a conversão dos povos ao Cristianismo, os atributos positivos dos deuses foram incorporados ao Deus cristão e os negativos, ao Diabo.
As capacidades xamânicas, como se converter em animais, viajar pelos mundos, foram atribuídas ao diabo e aos que pactuavam (ou malditos como ele) com ele, licantropos, bruxas e vampiros.

Curiosamente, o inexplicável, o misterioso, os grandes desastres naturais são do Malefício. O diabo toma as funções dos Titãs, Gigantes do gelo, deuses ctônicos e primordiais.
O diabo e o mal dinamizam o Cosmos. Na lenda da Queda, Eva e Adão viveriam eternamente em um estado de graça. Por mais que este estado fosse "perfeito", era imutável. A alma humana era como uma donzela em uma torre de cristal. Foi justamente o mal que rompeu este estado de coisas e impulsionou a humanidade à existência objetiva e, conseqüentemente, à evolução.
A teoria da relatividade levou Einstein a imaginar que o Universo estaria entrando em colapso ou expandindo-se. A expansão do Universo é um fato (ao menos as teorias atuais assim entendem) devido ao Big Bang, a explosão que deu origem ao Cosmos e "promoveu" a expansão. Logo após o Universo ter origem por um infinitamente minúsculo tempo, o Universo foi simétrico e, conseqüentemente, perfeito; em seguida houve uma ruptura e, em conseqüência, a assimetria. Caso esta quebra não ocorresse, as inimagináveis combinações que se seguiram não teriam ocorrido.

Para algumas vertentes do Catarismo, Jesus era irmão de Lúcifer. Vale lembrar que Jesus se autodenomina "a brilhante estrela da manha" (Apocalipse 22:16).
Esta passagem é encontrada mesmo na Vulgata, criando, no mínimo, estranheza. Se lembrarmos o significando da palavra Lúcifer e os seus atributos em muitos aspectos, eles se casam com os de Jesus.

Jesus é o verbo encarnado, ou seja, a manifestação do Logos e o Logos é a inteligência cósmica (Deus). Jesus é o portador desta Luz. Sua correspondência pela patrística no ser humano é a inteligência.

Creio não ser necessário traçar os paralelos entre o escrito acima e Lúcifer. Sem falar que Jesus é conhecido por trazer uma lei de amor (Vênus), trocando os 10 mandamentos por "Ame teu Deus sobre todas as coisas e teu próximo como a ti mesmo". A era cristã é correspondente à Era de Peixes, signo regido por Netuno que, na astrologia esotérica, é a oitava superior de Vênus.
Os cristãos primitivos acreditavam que o diabo queria ser Jesus, o elo entre o homem e Deus. Desta forma, tanto Jesus quanto o diabo foram empurrados para perto do conceito de demiurgo.
Demiurgo (Demiurgós em grego) é uma espécie de administrador da criação de Deus. Para Platão, era o artífice da criação, que, apesar de não ter criado o Cosmos, o ordena. Em verdade, mantendo e repetindo padrões.

Para os gnósticos, o termo ganha um caráter mais Maléfico, sendo o "demiurgo" o responsável pelo aprisionamento do homem (da alma na matéria). Esta visão gnóstica é importante tratando-se da mitologia cristã, que nasce e se desenvolve em um ambiente grandemente influenciado pelo pensamento gnóstico. A demonologia cristã herdou vários elementos dos gregos e judeus, estes, por sua vez, dos mesopotâmicos (em especial dos sumerianos via cananaeus). Então, nada melhor que nos voltarmos às origens.
Os acadianos, assírios e babilónicos tinham um sistema complexo de Magia, demonologia e angelologia.

Assurbanipal, o célebre rei Assírio, responsável pela biblioteca de Nínive, teve uma especial preocupação com textos de Magia. O rei instruiu seus escribas para que reproduzissem em inúmeras cópias um livro com a parte velada da religião mesopotâmica (Magia). Este tratado versa, dentre outras coisas, sobre uma grande diversidade de seres. Muitos deles serviriam de inspiração para os futuros Anjos, demônios, íncubos, súcubos, Lilith e outros das religiões atuais.
Este livro era uma cópia remanescente de Uruk, na Caldeia, onde houve um profundo estudo das Artes Mágickas.

O tomo era composto de três partes, sendo que uma delas é dedicada inteiramente aos espíritos malignos. Vale lembrar que estamos falando das "tabuinhas cuneiformes" , ou seja, de placas de barro em que eram escritos os textos.

Na visão de Ezequiel, é facil observamos elementos assírios. Ele vê os Cherub, dos quais vem o termo Querubim. A palavra é assíria, kirubu, do karâbu, significando estar perto, os seres que estavam mais perto do Divino.

Cherub tem origem da palavra egípcia Xefer. Na arte de ambos (mesopotâmicos e egípcios), há seres alados e com rostos humanos. Usualmente, o Cherub também era usado como montaria do deus, o que culminou na visão da Merkavah por Ezequiel. Sukallin é o mensageiro (Anjo) babilônico. Encontraremos ecos da divisão entre os "celestes" Igigi e os subterrâneos Annunaki. Os Sukallin, "os filhos dos deuses" (importante notar esta designação e nos lembrarmos dos Beni Elohns), são o modelo do qual saíram os anjos judeus, cristãos e muçulmanos.
Alguns "demônios" tiveram sua origem nas mesmas fontes. Asmodeus pode ser a derivação de um ser relatado no Avesta, Aeshmo Daeva. Belzebu, Ba'al Zebul, o senhor da montanha ou da morada elevada; Beel é a forma aramaica de Baal .

Outra curiosidade, no mínimo intrigante, é a semelhança entre Shell, concha em inglês, e Sheol, o inferno hebreu, ainda mais quando Sheol determina algo oco, interno. Sem falar, como já vimos, que demônio em hebraico é Qliphoth, que significa concha. Não falarei da empresa Shell e do fato dela vender combustíveis e derivados de petróleo. Que nada mais são do que restos daquilo que um dia foi vivo, retirados das profundezas da terra. A palavra Sheol era usada para determinar o local dos mortos. Muitas vezes, os fantasmas dos vivos são chamados Qliphoth também, uma referência a um cadáver astral.

Das figuras que nos remetem a Lúcifer, Prometeu é uma das mais instigantes. Ele era um titã, um ser tão poderoso quantos os deuses ou até mais. Os Titãs eram gigantes que regeram a Terra antes dos deuses. Prometeu (percepção avançada) foi o criador da raça humana, feita a partir do barro. Só que os humanos pouco se diferenciavam dos animais. Então, Prometeu profetizou um futuro melhor para a sua criatura. Mas para tal seria necessário que o homem tivesse algo mais, e este algo mais era o intelecto, o dom da inteligência, a lucidez, o fogo dos deuses.

Por analogia, podemos imaginar que o fogo, essência divina, Agni conferiria a capacidade aos humanos de se tornarem deuses. Prometeu foi até o Olimpo e, do carro de Apolo (o deus sol), ele "roubou" o fogo para humanidade. Como castigo, ele foi condenado por Zeus ao Cáucaso.
O termo Zeus é de origem indo-européia, da antiga palavra para céu, Deiuos. Encontraremos originados nela o Deva sânscrito, Deus latim, sendo associado à claridade e à luz.

Lúcifer é um arquétipo que suscita infinitas especulações, essas norteadas pelos sentimentos mais díspares. Não é à toa que tanto se falou sobre este "Anjo caído", e muito há a ser dito.

domingo, 26 de agosto de 2007

Lararium 5


Enviado pela TRIO =)


"Então, eis o meu altar "familiar". Fica no centro da casa, e todos tem acesso.
Não é especificamente um lararium, foi montado por todos nos, e cada um deu alguma coisa.

Os elementos , estão presentes da seguinte forma:
Fogo , a vela- sempre acesa
água , é água mesmo rsss
ar , o incenso- a bruxa é um incensário e ganhei de presente do meu marido
terra - pelos duendes, que para mim tb representa o casal
O caldeirão , é herança da família e só cozinho nele em dias especiais.
Pedrinhas, pingente de pentagrama , conchinhas, presente dos meus filhotes.
E a fadinha que acabei de ganhar.

Atrás do altar tem um painel que coloco fotos, depende da época e da comemoração.Este altar, é um espaço sagrado para todos os membros da minha família pois é a nossa conexão com os Deuses. Tb significa a importância dos elementos na nossa vida.
Ele me transmite muita paz, aconchego e acalento, e espero que para todos que vierem a minha casa. "

Lararium 4

Não reparem nos porta-velas horríveis. Eu estou para comprar novos. Mas na limpeza do altar dessa semana eu os substitui por pedra, que são mais bonitas e mais fáceis de limpar. Elas ficam na frente de Ares e Deméter, meus pais divinos e figuras centrais de meu altar.
A volta desses dois Deuses, tenho duas Serpentes, uma imagem da Deusa Serpente (identificada como Cibele), Perséfone, Ártemis Efesina (cultuada em Éfeso), uma maçã para Nêmesis e recentemente foi acrescentada uma imagem de Aphrodite.

Tenho os símbolos dos meus pais: trigo, grãos e uma cornucópia de Deméter e uma foice (de verdade), que representa ambas as divindades. Tenho os quatro elementos - terra onde ficam as oferendas de ervas e flores, água onde fica um copo com água potável e conchas, ar com os incesários e os oráculos e fogo.

O fogo é a parte dedicada aos meus ancestrais. É onde acendo a chama de Héstia, do Lar, da proteção familiar. É o fogo de Héstia que me liga aos meus ancestrais e ao meu sangue. Antes de chamar qualquer divindade, eu chamo por Héstia e pelos meus ancestrais na frente de seu fogo. Esse elemento é representado apenas pelo pequeno caldeirão onde ele é aceso.
No mesmo altar tenho ainda objetos que me lembram meus ancestrais, como um rosário que veio de Portugal, um broche que era da minha tia-avó, uma coruja que ganhei da minha tia e algumas ervas.
Mais fotos em La Céleste Praline.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Lararium 3


Esse é o da Kytanna... contribuição por e-mail!!


"Meu Oratório

Olha como são as coisas, tudo é adaptação... Aqui em casa meu oratório é um carrinho de chá, ou de bebidas como alguns dizem. Sempre fiz um altar, mas ele não tinha local fixo e nem aparatos, as vezes ficava na mesa de canto, as vezes na mesa da cozinha, na mesa do lado da cama e isso me incomodava, afinal meu altar era importante, e precisava de um local fixo pra mim, parecia falta de educação da minha parte mudar ele o tempo todo pq ele não tinha um canto dele.Aí um dia uma grande amiga minha me deu o carrinho de chá, era dela, antigo e com a mudança da casa dela, não tinha espaço para ficar, ela perguntou se eu queria eu disse sim, sem ao menos conhecer o carrinho.Quando bati o olho nele pensei: olha o meu oratório perfeito!!!Ele ficava dentro de casa, na subida da escada, mas mesmo assim pra mim ali não era o melhor local. E tomei uma decisão radical, coloquei ele do lado de fora da casa, na área externa, mais próximo da Natureza e está lá até hoje, cheio de simbolismos e para minha surpresa posterior, num canto tão estratégico que o vento não atrapalha e os incensos e as velas funcionam sem problemas.


O oratório tem a minnha cara, é diferente, é grande e por ter 2 andares au ainda tenho espaço para guardar outros aparatos mágicos. Enfeito ele do meu modo e estou muito feliz com ele e agradeço até hoje por essa minha amiga ter me dado esse presente. Ah sim, ela até hoje quando vem aqui em casa se sente feliz por saber que o presente dela me é tão útil!

Demorou um tempo para conseguir montar o altar do jeito que eu sempre quis, mas agora a coisa saiu dos pensamentos para o mundo real e estou muito feliz com isso!

Meu altar agora possui as deusinhas de pano da Sarah, 2 móbiles pendurados simbolizando as 3 faces da vida natural, com as deusas verdes e as 3 formas de energias fortes para mim, minha Hécate roxa, energia em movimento em azul e a Lua com Estrela com o verde.

Em cima do altar, tenho os elementos:
Representado por um aquário redondo, é a Água, dentro dele tem uma grande concha, um búzio e umas pedrinhas coloridas, a água não é da pia, é água da chuva.
Para o ArTenho meu incensário em forma de Lua, um sino antigo de minha casa (que tem um som agudo lindoooo) e uma micro corujinha insensário, que utilizo como símbolo para ajudar na minha profissão de educadora, no lugar do buraquinho do incenso coloco 3 penas de meu antigo passarinho.
Na parte destinada a Terra, ela fica próxima de uma grande árvore da felicidade, tenho um tronco com um pentagrama pintado por minha amiga Daniela, onde nele estão simbolismos sobre o ciclo da vida representado pela borboleta e suas fases, tem cristáis em formato de pedras brutas, árvores e bola de cristal.
No fogo tenho um cilindro de vidro onde acendo minhas velas todo sábado no altar, 2 velas vermelhas em formato de flor.
No meio do altar ao fundo tenho um vasinho de flores bem charmoso para colocar as flores, na frente dele um castiçal baixo, com formato de coluna grega, onde acendo as velas para minha Deusa e apoiada nesse castiçal fica a minha Boneca de Bruxinha, pessoa que converso sempre, e que ela faz questão de demonstrar que está atenta pelas feições que ela coloca no rosto.

Passo na frente do meu altar todos os dias, olho para ele e sorrio, pela felicidade de o ter montado e poder agora usá-lo dignamente.

E para aqueles que ainda não o tem, dou a dica para que o criem, para que escolham um local especial para ele, ter esse local, essa conexão física com as deidades é muito bom, faz um baita bem para nossos espíritos e nossa mente, pelo menos comigo é assim!

Beijocas Enluaradas Kytanna"

domingo, 19 de agosto de 2007

Lararium 2

Seguindo a idéia, posto aqui uma das imagens do meu lararium. Essa em especial é de quando o fogo estava em recesso -antes da Festa do Fogo Novo.



Onde está o cálice com água, eu sempre deixo uma chama... a Chama Ancestral, Héstia, o Espírito da Casa, do Sangue.

Quando Heféstos apagou a forja para que fosse renovada, Héstia tb limpou seu fogo e assim, as forças da casa se fazem brancas e muito mais poderosas.

Então, ao invès de deixar o fogo e oferecer incenso aos meus Ancestrais na Lua Cheia, trabalhei com o espírito aquoso da família - nosso sangue, nossas lágrimas, nosso suor... nossas emoções de Lua.

Foi, de fato, um rito diferenciado e que nos levou a sentimentos outros... outra experiência.

Hoje, com o fogo renovado, a vela dos ancestrais está posta. E junto com elas conchas de praia, pedras, presentes, oferendas...

Com esse altar eu quero a minha família protegida e aninhada em si mesma... Somos o mesmo calor . Ele corre dentro de nossas veias e dos planos astral e divino.

O mais legal é que tb ganhei um trigo de Deméter para o lararium... Linda Deméter que faz a vida brotar. Linda Héstia que faz o coração ferver.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Lararium I

Meu altar dos ancestrais foi a primeira coisa que me ligou a bruxaria italiana. Eu ainda estava um pouco voltada para a wicca (embora já não me sentisse em casa lá), quando li um livro do Grimassi, onde ele citava a questão do altar dos ancestrais. Como sempre tive uma ligação muito intensa com minha ancestralidade, eu achei aquilo perfeito. Com o passar do tempo, fiz meu lararium, usando um bocado de referências reconstrucionistas e um pouco de adaptação...


O altar propriamente dito é um oratório de gesso, que pintei de dourado e prata. Com o tempo, a tinta dourada ficou coberta de zinabre, o que deu essa aparência verde para ele. Eu tinha comprado o oratório pensando em dar de presente para minha mãe (eu pintei um e coloquei uma Nossa Senhora dentro para ela, queria fazer um par), mas este era maior do que o primeiro. Além disso, embora visto de frente ele seja bem barroco, as laterais dele são colunas e parte de frisos greco romanos...

Em cima dele, tem um anjo que ganhei da minha prima. Eu tinha 15 anos e ela 10. Escolhi ele entre todos os anjinhos que ganhei na adolescência (como a família sabia que eu gostava de coisas "místicas", todo mundo me dava anjos de presente...) porque ele é uma versão chinesa de uma escultura romana. Eu ia colocar a comparação dos dois aqui, mas não encontro
o original romano aqui no micro. Ele segura um vaso, quase uma jarra, em uma mão e um ramo na outra. Lembra bastante a imagem dos lares.

Ela começou a ficar em cima do altar porque ele é bem pequeno em termos de espaço. Então, colocando a imagem no alto, tenho mais espaço para as oferendas.

Ele fica praticamente em cima do balcão que divide minha cozinha e minha sala. Posso dizer que ele fica no coração da casa. Antes, no tempo em que dividia a casa com meus pais, ele ficava no quarto. Quando o André nasceu, três dias depois, passamos um tremendo susto e fomos morar na casa da minha sogra por cinco meses. Eu lembro de passar pela porta dela de madrugada, carregando o altar em um braço e o bebê no outro. Desde que ele foi montado pela primeira vez, é alentador poder olhar para ele. Me transmite segurança e paz, e o sentimento de nunca estar sozinha.

Em cima dele, tem o cristal lapidado como uma estrela que meu avô me deu, um búzio quase grande, uma lasca de pedra branca, sementes, um medalhão com a imagem de um cão/lobo, um lobinho toscamente entalhado em gesso, uma chave que encontrei em uma encruzilhada de três caminhos, minha Vênus de Willendorf, que eu carregava no pescoço, mas que a argola desgastou e partiu, e minhas oferendas: paus de canela, rosas do jardim, flores da pitangueira, e uma caixinha de porcelana cheia de sal marinho. Outra caixinha de porcelana serve para acender as velas. Sempre acendo três, porque aqui em casa somos três.

Ainda não tem tudo que quero que tenha, principalmente por ser bem pequeno. Mas espero logo conseguir uma prateleira para por junto com ele, que vai me permitir deixa-lo mais completo.

Nele, o fogo queima e me lembra do fogo da família, das chamas que aqueceram meus ancestrais e hoje me aquecem. Nele, deixo as vezes fotos de meus antepassados, ou objetos que pertenceram a eles. Nele deixo minhas orações e um pouco do que existe de melhor em mim, minha fé e meu amor.

domingo, 12 de agosto de 2007

Coisas que me irritam...

Algumas frases e conceitos que lemos por aí no nosso "mundinho pagão" que me incomodam profundamente:

- "Sociedade patriarcal" - e suas variantes
A vida política na Grécia e em Roma eram centradas nos homens. Eles eram pagãos.
Não é um conceito cristão, nem foi algo imposto pelo Cristianismo.

- "A religião mais antiga do mundo"
O culto à uma divindade da fertilidade pode ser o culto mais antigo do mundo. Não a Wicca ou qualquer outra vertente do Neo-paganismo.

- Inquisição
Não morremos queimadas em outras vidas. Nossas ancestrais também não.
Está provado, em diversos países, que as maiores vítimas da Inquisição foram os judeus e ciganos.
Dica: "A Inquisição", de Anita Nowinsky - coleção "Primeiros Passos", da Editora Brasiliense.

- "O Cristianismo matou as práticas pagãs"
Na minha opinião, ele as reformulou à sua maneira.

- "Deusa Negra"
Sem comentários...

- "Strega cultua Diana e Lúcifer"
Não necessariamente...

- "Bruxas cultuam uma Deusa e um Deus".
Idem. Podem cultuar um casal divino, mas não uma Grande Deusa e um Grande Deus. Os que eu conheço, nomeiam suas divindades e seguem um panteão específico.


Por hora, é o que eu consigo lembrar... mas nada impede que haja uma continuação deste tópico.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Segredos das Streghe


Inês e eu tivemos a chance maravilhosa de estarmos presentes numa celebração na casa da tribo de Hermínio Portella. O que significa que não era nem na minha casa, nem na dela... era um grupo externo aos que nos estabelecemos.


Estar na casa dos outros requer uma certa etiqueta e cerimônia - sim, eu tenho Capricórnio de casa 10! Você não põe o pé no sofá, não vai ao banheiro de porta aberta e procura observar, ao máximo, como as coisas naquela família funcionam.


E quando somos convidados a uma ritualística, a etiqueta tem de ser mágicka.
Como eu venho escrevendo, as streghe têm sim uma coisa de casa fechada, porque ninguém quer sair na revista Caras. Ou sejam, prezam pelos seus caminhos, pelo sussego do lar. É a privacidade, a liberdade de poder calar.


Assim é com a casa alheia. É feio quando saímos da casa de alguém colocando no jornal ou na web o que acontece de mais íntimo por lá. Não fazemos com a nossa, imagina com a dos outros.
A questão toda é que aqui no blog gostamos de compartilhar nossas idéias e experiências, o que sentimos... Mas partilhamos exatamente tudo? Não... Porque algumas coisas podem soar "esquisofrênicas". É como nas antigas ordens, como a Maçonaria ou a Rosacruz... Discrição.
Penso que partilhar seja importante para, inclusive, encontrarmos os nossos pares. Porém confiança é um sentimento construído.


Quando somos convidados em honra, nos portamos com honra. Se uma pessoa confia em nós o suficiente para nos mostrar o que faz, nós somos honradas o suficiente para conversar e comentar a medida que não compromete essa confiança. É, eu sinto, um dos objetivos desse blog.
Pode ser que isso dificulte o acesso à informação, mas também agrega valor a ela, pois quando estamos no ponto, ela simplesmente vem, como uma doce brisa de verão.

domingo, 5 de agosto de 2007

Mentiras e ancestrais

Lisa acha que sua família é chata. Principalmente quando ela precisa fazer uma redação sobre sua família e, obviamente, tem que ao mesmo tempo manter seu posto de melhor aluna da escola. O que ela faz? Inventa uma ancestralidade indígena que não existe.

Este é o enredo de mais um episódio de Os Simpson. Pode parecer bizarro, mas mais uma vez eu paro para refletir sobre nossas práticas baseando-me em algo comum.

Ultimamente, tem aparecido um monte de gente que diz que tem ancestralidade bruxa. Já teve até fulano que disse que sua família tem uma linhagem de 300 anos.

Creio que existam família de bruxos. Creio não, existem! E há pessoas maravilhosas que saem dessas família, gente que tem conhecimento e sabedoria para traçar seu caminho e reverenciar seus ancestrais.

Mas quem não tem, porque diz isso? O que acrescenta na minha vida tentar buscar legitimidade em uma família antiqüíssima de bruxas que nunca existiu? Necessidade de ser aprovado pelos outros? Necessidade de se incluir entre os seguidores das chamadas "Bruxaria Tradicional" e "Bruxaria Herediária"?

Faz diferença o que os outros pensam das minhas práticas? Não, não faz... porque o caminho individual, por mais que você o divida com outras pessoas. No final, você está com seus Deuses e seus ancestrais, e é com eles que você vai ter que se virar.

Meus ancestrais ficariam tristes se eu mentisse sobre minha origem, ou se eu aumentasse o que eles realmente foram. Que mal há em ser um vira-lata? Que mal há em ser o primeiro a iniciar um caminho, sem o respaldo dos que vieram antes?

Antes de serem bruxos, católicos, negros, brancos ou qualquer outra coisa, nossos ancestrais são nossa família, nosso sangue, nosso fogo... são aqueles sem os quais não estaríamos aqui. E isso é o mais importante de tudo.


Simpsons vestidos de índio. Do site Blue Comics.